segunda-feira, 23 de julho de 2012

Quem te viu, quem PT.

Sempre que ouço a música "Quem te viu, quem te vê" do gênio Chico Buarque de Hollanda, é inevitável vir à mente a estrelinha do PT.

As bandeiras vermelhas tremulando, os jingles de "Lula Lá", o sonho de algo novo, de uma mudança na política brasileira. O Partido dos Trabalhadores representava o povo, a multidão clamava por mudanças, vibravam como uma torcida de um time de futebol. Eu não estava vivo em 1989, não votei em 2002, mas vivi a era Lula.

Tirei meu título de eleitor em 2009, aos 16 anos, votei na Dilma em 2010, com minha camisa do Che e a estrelinha vermelha do PT. Adesivei carros, fiz campanha na Praça Portugal, senti fazer minha parte, acreditei que estava fazendo o melhor. Acontece que não era o melhor, apenas o menos ruim.

Defendi o José Dirceu, não comentei a aliança com Collor, entendi a aliança com o Sarney, mas o aperto de mão entre Lula e Maluf ainda está preso na minha garganta como uma espinha de peixe.

A estrela do PT ainda é vermelha, mas com cara de direita. Temos o Bolsa Família (que apesar de tudo ainda defendo), temos a Copa do Mundo no Brasil: panem et circenses. Estar no poder é estar rodeado de abutres, mas escolher se aliar a esses abutres para se manter no poder é esquecer toda uma história de luta.

Churchill disse, certa vez, que quem nunca foi comunista até os 20 anos não tem coração, quem continua depois dos 30, não tem cérebro. Creio que minha desilusão com o comunismo coincidiu com a minha decepção com o Partido dos Trabalhadores. Mas por favor, não creia que me entreguei à direita. Minha desilusão, minha decepção, foi maior ainda com o povo: que vota em benefício individual. Mas o povo não tem culpa, é apenas uma peça de xadrez da política maniqueísta brasileira.

O PT era a mais bonita das cabrochas dessa ala, mas hoje suas noites são de gala. Nosso samba, apesar dos pesares, ainda é na rua. O samba saiu procurando você, mas quem não conhece não pode mais ver para crer, quem jamais esquece não pode reconhecer.

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